Opinião
Locavorismo: tendência e consciência
Home > Opinião > Locavorismo: tendência e consciência
Você conhece o Locavorismo? Ele é mais importante que você pensa no seu negócio! Confira!
Abstrações são encantadoras, mas sou a favor de que se deva também respirar o ar e comer o pão
[Hermann Hesse]
Comemos. O ideal? Comida fresca, local e variada.
Tal qual minha avó, minha mãe, em casa tenho o costume de cozinhar. Não levo em consideração somente o aspecto hedonista das refeições, mas opto pelo locavorismo por dois motivos: manter a qualidade alimentar e reforçar um estilo de vida de maior equilíbrio com o meio ambiente.
Sem perder de vista o processo produtivo, seus impactos ambientais, o locavorismo implica dar preferência aos alimentos produzidos no lugar em que vivemos. Por isso, supõe procurar comprar e comer comida local. Eleger alimentos que são cultivados perto de nossas casas.
Tendência mundial, intrínseco ao consumo consciente e baseado no respeito à natureza, o locavorismo incentiva o hábito de ir à feira, eleger dietas saudáveis e que ainda dialogam com o elemento cultural do nosso entorno, como as receitas de família, os pratos regionais…
Quem tem o privilégio de ter acesso ao alimento fresco, e faz a opção pelo locavorismo, entende que o alimento local é mais saudável, mais saboroso, e, ainda, como um cidadão consciente, no dia a dia, desembrulha menos, evita o plástico, escolhendo mais produtos a granel, em vidros…
De maneira cotidiana, é essencial que nossa atenção se volte para sistemas de produção de alimentos que não poluam as águas, o ar, o solo, os próprios alimentos e que respeitem também a biodiversidade. Faz sentido, por isso, apropriar-se de uma forma de se alimentar mais conectada com a natureza, com o alimento e com quem produz.
Além de prezar pelo consumo de alimentos provenientes do “local próprio”, os locavores evitam o desperdício, planejando suas compras, conservando em casa os alimentos de modo adequado. Ademais, comprar e cozinhar somente o que consumimos nos ajuda a poupar dinheiro e proteger o meio ambiente.
Locavorismo e Padarias Artesanais
Por procurar usar insumos locais e oferecer produtos artesanais, como pães, bolos, geleias, mel, queijos feitos por produtores da região, as padarias artesanais se difundem cada vez mais no Brasil e agradam os locavores, ou seja, as pessoas que preferem consumir alimentos cultivados localmente.
Esse é um movimento de robusto impacto que tem crescido por conta de um trabalho, a princípio, inconsciente: aquele que trabalha com um produto artesanal naturalmente busca parceiros, produtos, fornecedores de outros produtos artesanais e locais para oferecer aos seus clientes. E, os clientes, acostumando-se à qualidade desses produtos, ficam ainda mais adeptos! O trabalho de comunicar a origem, de enaltecer os valores e as diferenças está no cerne da força que impulsiona o movimento e que, ousaria dizer, acaba por reeducar o paladar dos consumidores. Uma vez habituado a esse produto e sua qualidade, raramente esse consumidor retorna aos “outros produtos”, desprovidos das complexidades de aromas, sabores e, também, do respeito ao local.
E você? É adepto do locavorismo?
Notinhas
Do latim “locus” (lugar) e “vorare” (engolir), o locavorismo se traduz no hábito de comprar alimentos de produtores ou pequenos comércios locais. Com o cenário da pandemia, essa prática tem ganhado mais adeptos no mundo e vem se difundindo também no Brasil.
A prática do locavorismo fomenta o avanço social, econômico e cultural. Diz respeito ao bem-estar da sociedade. Restaurantes – baseados em modelos que beneficiam a agricultura alimentar/hortas urbanas – feiras livres, padarias artesanais são exemplos de empreendimentos baseados no locavorismo.
Não existe um consenso para definir o que de fato é ser local. Mas, quem se preocupa em valorizar os produtos locais/com respeito à natureza, necessita ter acesso a feiras de pequenos produtores, hortas urbanas, sítios etc.
A ideia de resgatar alimentos locais oriundos da região onde se vive não precisa dificultar ou bloquear o diálogo com outras culturas. O hibridismo cultural, a aceitação das diferenças são pertinentes e caminham junto com os princípios democráticos.
A socióloga Elaine de Azevedo pondera que “em um país com distância continentais e graves problemas ambientais, cuja população sofre os efeitos da precariedade das rodovias e da desqualificação da agricultura familiar que produz alimentos para 80% da população brasileira, a discussão do Locavorismo é pertinente e demanda atenção e estudos futuros”. Cf. Azevedo, Elaine de. “O ativismo alimentar na perspectiva do locavorismo.” Ambiente & Sociedade. [online]. 2015, vol.18, n.3, pp.81-98. ISSN 1809- 4422.
Foto por Cristiano Valadar
AVISO LEGAL | DISCLAIMER Todas as OPINIÕES não expressam particularmente a opinião do MMB e/ou empresas associadas, mas tão somente de quem as escreveu/emitiu. Para maiores informações, consulte também Termos de Uso do MMB.
receita pronta?
Publique em suas redes sociais e marca a gente: #massamadreblog