Opinião
Viva Bakery
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Eu me formei na área de processamento de dados e fiz estágio. Em 2013 tinha a intenção de trabalhar com comida. Estava cansada de São Paulo também, capital. E pensei em algo no interior. Já conhecia Americana e então eu e meu marido, Gabriel, viemos para cá.
Tenho formação em panificação e confeitaria, cozinho desde criança por amor mesmo à cozinha Antes de me dedicar à essa área, trabalhei por muitos anos como “manager” em um escritório de advocacia, cuja especialidade era Direito de Família. Decidi, então, pedir demissão e ir estudar o que eu queria: confeitaria e panificação.
Comecei a trabalhar nesta área em casa, sozinha. Assim permaneci por cinco anos e os pedidos só aumentavam. Comecei a precisar de um outro lugar, a casa foi ficando pequena para produzir. Eu fazia pães, bolos, cheesecakes e tortas; a viennoiserie só comecei a fazer na padaria mesmo.
Depois de achar o espaço para a Viva Bakery, e depois de abertos, passamos a ser três pessoas — eu, Gabriel e Mateus—, que é padeiro e, hoje, meu braço direito. Mateus no início fazia de tudo um pouco, porque não tinha experiência na área. Ao longo dos anos foi estudando e se profissionalizando. Hoje somos dez funcionários.
Em 2013 fiz meu primeiro curso na área e posteriormente fiz cursos no exterior também. Fui me aperfeiçoar. Aproveitava que meu marido, designer de merchandising, ia viajar a trabalho para o exterior e ia com ele. Sou padeira e confeiteira, mas minha especialidade é a confeitaria, além de também ter estudado pizza.
Parceria
Lá atrás, no início, tivemos uma história muito interessante: meu marido se especializou na viennoiserie, mesmo não sendo da área. Só para me ajudar. Porque no início éramos só eu, ele e Mateus na padaria. Gabriel ia para a padaria, fazia uma produção e depois ia se dedicar ao trabalho dele. Hoje em dia temos uma pessoa que ele mesmo treinou e que só faz os folhados.
Passei entre três e quatro meses fazendo testes, antes de abrir as portas de vez.
O espaço da padaria encontramos em um anúncio de jornal. Fomos ver. No local funcionava uma oficina mecânica, caindo aos pedaços. Passamos seis meses reformando para poder entrar e fazer o local funcionar.
Deixamos elementos naturais no espaço e nós mesmos — eu e Gabriel — fizemos o projeto e repassamos para uma empresa de engenharia. Hoje, tudo o que tem no espaço foi detalhadamente pensado para compor a Viva Bakery. Gosto de objetos que tenham história. Então nós fomos garimpando objetos em antiquários. Uma vez fui fazer um curso no exterior e encontrei lustres, objetos da época de guerras. E nós trouxemos para a padaria.
Depois de dois meses de padaria aberta, tive o prazer de ter tido em minha equipe a Mariana, que foi confeiteira conosco e depois abriu sua própria patisserie, a Framboise. Somos amigas até hoje e ela foi muito importante para nosso início, assim como Mateus.
Me orgulho muito do meu trabalho, do nosso espaço. Trabalho das 6 da manhã até às 21h. Domingo é meu único dia de descanso, mas mesmo assim tiro pelo menos umas 3h do dia para estudar. Estou sempre pesquisando, sempre estudando e inovando.
Um sonho
Meu sonho é ter um restaurante, não um restaurante tradicional, mas algo bem especial e focado E por isso a cozinha do Viva Bakery deve ter um pequeno espaço nessa nova parte, logo depois da reforma. Quero cozinhar para as pessoas dentro dessa perspectiva. Anunciarei as datas em que farei isso. Será para poucas pessoas, no máximo seis, porque a ideia é algo pequeno mesmo, intimista. E com espaço para workshop.
Este projeto já tem nome e instagram. É o Cozinha Cosecha. Cosecha significa colheita em espanhol. Nesta proposta quero trabalhar com coisas da terra, com frutas, vegetais e verduras. Só então estarei 100% realizada.
Hoje, levando em consideração tudo que nossos projetos englobam, não vejo muitos locais como o nosso, que produzam tantos produtos de diversas áreas, assim como nós. Semana passada recebemos uma moça do Piauí, que veio nos conhecer, além de muitas pessoas de outros estados e até de outros países, que sempre vêm nos prestigiar, o que me deixa extremamente feliz e realizada.
Eu acredito que trouxemos a viennoiserie de novo em voga. E nosso público nos diz que somos referência nesta área, no Brasil. Porque escutam isso de outros estabelecimentos que passaram a produzir o viennoiserie depois da gente. Isso é resultado de muito comprometimento. Estudo muito e toda minha equipe, também. A minha palavra é estudo.
Já são mais de 100 produtos, mais de 100 receitas e estamos para lançar um livro com as principais receitas da casa. Ainda não temos previsão de lançamento e a Joyce Galvão, que foi uma de minhas primeiras professoras de confeitaria, irá nos ajudar a concretizar este projeto.
O início
O início foi assustador. A gente tinha o nome na fachada da Viva Bakery, mas eu não sou da cidade (Americana) e não conhecia ninguém. Mas meu foco sempre foi comida, nunca gostei muito de aparecer, participar de entrevistas, estar na mídia. Então foquei na comida e nos meus produtos. Acho que eles sim precisam se destacar!
Minha família tinha uma rotisserie, mas não temos tradições culinárias na família. Minha mãe cozinha o básico, minhas tias também. Minha inspiração foi minha sogra, que já foi cozinheira profissional.
Hoje produzo 20 kg de massa folhada por dia. O croissant é nosso carro-chefe, é o que mais vende.
Relação com o pão
Minha relação com o pão começa comigo gostando de cozinhar. Minha mãe fazia bons pães na minha infância e o pão me fez estudar o processo. Eu vi que podia fazer melhor que minha mãe. Tenho paixão pela confeitaria, pela técnica. Não pode passar um grama. Minha vida é assim: regra e técnica.
O lema dos meus projetos é estudar. E sempre fazer o meu melhor, sem querer competir com ninguém.
A lembrança afetiva mais remota que tenho com o pão é de ver a minha mãe fazendo os pães. Lembro da bolinha no copo para subir — um pedaço da massa em um copo de água. E então, a bolinha subindo, a massa estava pronta.
Quando estou em Nova York gosto muito de consumir o pão Nan-e-Barbari — um pão simples, como todos os nans, que leva água, fermento, sal e farinha — da Hot Bread Kitchen —, uma padaria que empodera imigrantes mulheres a fim de que elas tenham habilidades de sucesso na culinária industrial. Também faço este nan na Viva Bakery.
Eu digo que vale a pena investir em padaria. Eu amo o que faço. E sempre digo: se você não gosta de trabalhar, não abra uma padaria artesanal. Como disse antes, é estudo e comprometimento. É isso o que posso falar para quem está iniciando. Mas não ficamos só no pão. Nosso instagram hoje, o @vivabakery, tem mais de 33 mil seguidores e sou eu quem fotografo, com meu telefone mesmo, escrevo as legendas. Posto uma vez ao dia.
Temos um produto novo quase todos os dias. A diversidade de nossos produtos é fruto do “senta e vamos fazer isso”. A inspiração vem de livros, de viagens, de memórias afetivas, entre muitas outras experiências. A arte também me acompanha desde criança. Arte urbana, arte e fotografia. Isso me inspira muito. Meu sonho é abrir uma padaria no Uruguai. Gosto muito daquele país. Quem sabe…
Mas os projetos só são possíveis graças ao mundo, ao universo, à minha equipe e aos nossos fornecedores.
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