Opinião
Um “segredo mais bem guardado” que pode impedir o seu negócio de crescer
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Qual o motivo da briga entre o artesanal e o controle de processos no pequeno negócio de alimentação?
Desde que comecei a pensar em escrever uma nova contribuição para o MMB, há mais ou menos uma semana, um pensamento me perturba: qual o motivo da briga entre o artesanal e o controle de processos no pequeno negócio de alimentação? Artesanal é sinônimo de fazer com amor? Seguir processo é para quem não tem talento? Se as frases acima forem verdadeiras, como podemos trabalhar um negócio artesanal para crescer?
Como consultor, meu trabalho envolve conhecer os “segredos mais bem guardados” de muita gente. Algumas vezes são ingredientes, outras vezes são técnicas e outras, ainda, nem segredos são. O curioso é observar que todos têm o mesmo medo: “e se a minha receita cair nas mãos da concorrência?”. Ainda mais estranho: “e se o meu funcionário for embora levando a minha receita?”.
Legítimo. Eu compreendo o medo de todos os empresários e empreendedores, porém uma receita não sai do papel e se transforma em produto sozinha. Mesmo para quem faz com amor e segue o seu processo, se na hora de crescer esse conhecimento não for passado adiante, grandes são as chances da sua insatisfação com o produto final.
“Pior do que treinar um funcionário e ver ele sair, é não o treinar e ver ele ficar”. Você já deve ter ouvido ou lido esta frase na internet atribuída ao Ricardo Jordão Magalhães. O Ricardo ganha a vida falando sobre vendas de um jeito bem diferente e, em muitos pensamentos, eu me identifico com ele.
Uma percepção pessoal minha é que o artesanal enquanto sinônimo de “fazer com amor” precisa morrer quando você abre um negócio. Desculpe a franqueza, mas se a receita que corre na sua família há 100 anos ou mais não pode ser ensinada a outras pessoas, não a transforme em um negócio!
Calma. Isso não quer dizer que você tem que distribuir seus segredos por aí sem apego algum. O que eu quero dizer é que um negócio de alimentação é igual filho: a gente cria para o mundo. Ele não pode ser eternamente dependente do seu amor e muito menos do seu talento – ou muito menos ainda dos seus funcionários que um dia você pode ver sair.
Então, como fazer? Novamente, meus posts não têm receita pronta, mas logo abaixo vou colocar algumas dicas:
1 – Entenda que todos os produtos de alimentação são afetados pelas mais diversas condições. As quantidades e tipos de matérias primas são, talvez, um dos menores fatores que vão determinar a qualidade do seu produto. Proponho um exercício de talento: Quantos produtos diferentes você consegue fazer com seus ingredientes e quantidades mudando a forma como você os processa?
2 – Traduza seu talento em parâmetros quantificáveis (tamanho, tempo, temperatura, peso, etc.). Registre isso em uma ficha técnica. Quanto menos talento você tiver que ensinar mais fácil fica de desapegar.
3 – Entenda que seu produto tem que ser bom para o seu cliente e não para você. Isso vai te permitir fazer alterações que muitas vezes são necessárias no processo.
4 – Se ainda depois disso sua receita ou processo tiver um diferencial que você quer preservar, divida o trabalho de produção em fases e as ensine a pessoas diferentes.
Adoraria ler sua opinião sobre como fazer para manter o padrão e a capacidade de crescimento em um pequeno negócio movido a processos artesanais. E aí? Como você faz?
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