Opinião
PÃO: um olhar inspirado!
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O pão é considerado o alimento mais comum do mundo, sendo produzido de diversas maneiras e consumido por diferentes povos, desde a antiguidade. Contudo, por sua importância histórica e suas nuances culturais, o pão deve ser visto como algo além de um alimento, como uma dádiva.
Para o pão todas as honras e todas as glórias; do pão devemos ter sempre uma visão diferente, um olhar inspirado!
Para cada tipo de pão existe uma história de criação, uma técnica de preparação e muito amor envolvido; e o tempo dedicado ao pão garante o aprendizado de todas essas etapas.
Em viagens por São Paulo, experimentamos, eu e meu esposo, nossos primeiros pães de fermentação natural em pequenas padarias da capital paulista: Santo Pão, Padoca do Maní e PÃO (Padaria Artesanal Orgânica)! O nosso “queridinho”, como costumamos chamar o pão sourdough, é produzido por meio deste processo de fermentação natural que lhe confere um sabor e textura singulares, com um equilíbrio impecável entre acidez e doçura.
De família Italiana, sobrinha de um padeiro carioca (tio Valter Galotta), naturalmente, sem perceber, me tornei cozinheira e, recentemente, escolhi a panificação como ofício e paixão! Para mim, ser responsável por produzir o pãozinho de todas as manhãs e todas as tarde é uma enorme honra e um apaixonante desafio. Somos nós, padeiros, que moldamos o sabor, definimos o aroma e produzimos as texturas para cada tipo de pão. Somos, pois, não apenas padeiros de profissão, mas padeiros de amor!
Nos pães que produzimos utilizamos técnicas, dedicamos tempo e colocamos muita paixão em cada etapa, desde a criação das receitas (algumas exclusivas) até a comercialização. Como mãe, apaixonada por meu querido filho Marcelo Eduardo, vejo nossos fornos com úteros que nos ajudam a gestar e dar forma aos nossos pães – nossos “filhos de forno”. Assim como do calor materno precisam os filhos, precisam os pães do calor dos fornos, para poderem crescer e se desenvolverem bem!
Saber que o pão não apenas alimenta o corpo, mas também a alma, é uma forma de valorizar este nobre e emblemático alimento. O pão cria laços e une as pessoas que o fabricam, que o comercializam e que o consomem. Hoje, como sócia e chef de cozinha de uma padaria artesanal em Manaus – PADOCA Pães Artesanais – conto com apoio de meus familiares e pude descobrir que fundamos uma empresa a partir de um sonho coletivo, que começou em minha casa, onde produzi meus primeiros pães de forma amadora e sem grandes recursos.
“Ganharás [e produzirás] o pão com o suor do teu rosto”. Adaptação de um ensinamento bíblico que demonstra o quão dedicados são os padeiros, enfrentando árdua e honestamente as madrugadas para produzirem os pães e poderem se sustentar e sustentar suas famílias. Um digno e importante trabalho relegado, por vezes, ao ostracismo, enclausurados nas áreas de produção da padarias, aos bastidores do espetáculo que é a produção dos pães! Padeiros são artesãos, padeiros são alquimistas, padeiros são poetas que escrevem usando trigo em vez de tinta!
A alquimia envolvida na produção de pães, mesmo de um simples pãozinho francês, extrapola a simples combinação de trigo + água + sal, pois o elemento mais valioso, verdadeira pedra filosofal, deve ser o AMOR – o carinho que depositamos em nossas massas, que saem de nossas mãos e envolvem todo o produto final de nossa criação. Um pão que contem trigo + água + sal + amor é um pão sagrado, é um alimento abençoado, é uma iguaria divina!
Em minha padaria posso contar atualmente com uma estrutura profissional e com recursos tecnológicos que me permitem produzir um pão melhor, valorizando o trabalho de cada colaborador: padeiros, confeiteiros, cozinheiros, lavadores de louças, atendentes e balconistas. Todavia, o amor que tenho pela gastronomia, como chef de cozinha e, agora, como padeira, a paixão que demonstro em produzir cada pão continuam muito fortes, como desde a primeira fornada!
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