Opinião
Natal e coração aberto
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Natal é família.
E cada família celebra o que escolhe: alguns fazem suntuosos banquetes, outros preferem uma ceia modesta ou um panetone, um canção que se canta…
No interior do Paraná, na infância, havia duas coisas que me encantavam no Natal: o presépio e a cuca de uva.
No meu bairro, havia uma vizinha, a dona Eleonora, que vivia só e não tinha religião. Meninazinha, eu a ouvia tocando piano horas seguidas. Na sua cozinha imensa, qualquer viva alma se sentia acolhida o ano inteiro…
Avessa ao consumo e aos exageros, na noite de Natal, dona Eleonora costumava convidar algumas famílias da vizinhança, pois achava o encontro alegre e festivo. Sem ter consciência, oferecia aos convidados uma ceia que provavelmente agradaria a José e Maria: pão rústico, vinho, um arroz cujo gosto a mim parecia natalino, frutos secos…
Perto das onze horas, as pessoas regressavam para suas casas, o bairro tomado ora por velhas canções de Natal, ora por gente rezando em silêncio…
O Natal continua uma festa familiar.
E se grande parte da população brasileira se diz cristã, o restante, igual a dona Eleonora, no geral também costuma confraternizar e, por isso, a ceia natalina é acontecimento tradicional expressivo, e assim padeiras e padeiros, confeiteiras e confeiteiros, trabalham arduamente felizes neste período…
O Natal, escreveu Rubem Alves, “é uma cena: numa estrebaria uma criancinha acaba de nascer. Sua mãe a colocou numa manjedoura, cocho onde se põe comida para os animais. As vacas mastigam sem parar, ruminando. Ouve-se um galo que canta e os violinos dos grilos, música suave… No meio dos animais tudo é tranquilo”.
Tranquilidade!
Para todos nós, cristãos e não-cristãos, é amoroso e razoável deixar o coração aberto nas reuniões familiares, apostando na amizade e no respeito, evitando os assuntos espinhosos ou os temas polêmicos.
Por causa dos afetos, crente ou não, buscar neste Natal inspirar-se na história do menino Jesus, cujo nascimento só pode ser celebrado de maneira amável e pacífica. Talvez assim nosso Ano Novo já será diferente.
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?
Alberto Caeiro [Fernando Pessoa]
Boas Festas!
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