Opinião
A farsa da alimentação fora do lar como necessidade
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Meus dias são corridos. Muitas vezes tiro meu tempo para escrever para o blog dentro de um Uber ou Cabify.
Meus dias são corridos. Muitas vezes tiro meu tempo para escrever para o blog dentro de um Uber ou Cabify. Acho que isso chama atenção dos motoristas, afinal, a maioria dos passageiros só quer saber de colocar os pés para cima do banco e ir escutando seu fone de ouvido de uma ponta a outra do trajeto. O que levaria, então, um passageiro a abrir o laptop no banco de trás, conectar no hotspot do celular e ir trabalhando em um trajeto de apenas 15 minutos?
“Você usa muito aplicativo?” – Normalmente é a primeira pergunta que vem por parte do motorista.
“Sim, muito mesmo!” – Respondo enquanto continuo trabalhando.
“Trabalha com o que?” – Ele retorna.
“Eu ajudo empreendedores a montarem seus negócios de alimentação de forma segura, produtiva e rentável. Sou Engenheiro de Alimentos e consultor.” – É sempre bom estar com o seu pitch em dia.
DICA: PITCH é um discurso rápido e impactante de apresentação de sua empresa ou trabalho. Nele, os primeiros 10 segundos são fundamentais para chamar a atenção do seu ouvinte.
“Poxa, que legal! Esse mercado de alimentação é bom né: NÃO TEM CRISE! TODO MUNDO PRECISA COMER!”
Nessa hora eu paro de trabalhar. A minha mente não consegue mais prestar atenção em duas coisas ao mesmo tempo. Começo a imaginar como é que aquele motorista que trabalha 12 horas por dia, no mínimo, sem a menor previsibilidade de estar perto ou longe de casa, escolhe as suas refeições.
Imagino ele entrando na primeira padaria que vê:
– O senhor aceita um cardápio? – diz o atendente
Ele muito seguro de si diz:
– Não precisa. Eu já sei o que vou querer.
– Pois não, senhor. Pode falar.
– Eu quero qualquer coisa… só preciso comer. Pode custar qualquer preço, ter qualquer qualidade, ser bem ou mal servido, faça o que você quiser, mas me traga comida.
Mais ou menos nessa hora eu “acordo” e muitas vezes me deparo com o mesmo motorista me contando uma história sobre algum conhecido que já teve um restaurante e quebrou, uma padaria que não deu certo ou uma lanchonete que preferiu vender.
Lembro do ano de 2016 e das notícias no site da Abrasel:
12/05/2016 – Mais de 3.000 restaurantes e bares sob ameaça de fechar em BH
15/06/2016 – Recessão faz com que 34% dos bares e restaurantes operem no vermelho
03/10/2017 – Alimentação fora do lar indica recuperação
Infelizmente, esse entendimento dos negócios de alimentação como meros fornecedores de itens de primeira necessidade é uma ilusão muito comum entre empreendedores. Abrir um negócio de alimentação baseado somente na necessidade do público geral de se alimentar é quase como fazer uma exposição de “arte pela arte”. A intenção é ótima, mas costuma ser temporária e, na maioria das vezes, vive de patrocínio.
Empreendedores e investidores: O mercado de alimentação é muito bom! MAS TEM CRISE, SIM SENHOR!
O preço dos alimentos aumenta e a possibilidade de repasse diminui porque a capacidade de pagamento do consumidor sumiu. O investimento é alto e o custo de operação não muda tanto assim durante esses tempos.
Sobrevivem os negócios que se planejam, mas principalmente aqueles que oferecem o que o cliente deseja.
Invista muito tempo no planejamento do seu negócio, entendendo o seu público alvo e desenvolvendo as melhores soluções para ele. Este é o verdadeiro segredo dos negócios que dão certo.
A única alimentação fora do lar que tem a certeza de sobreviver pela necessidade é a boa e velha marmita… e ainda assim tem gente que não abre mão dela porque morre de desejo por comida caseira.
Olho vivo e bons negócios!
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