Opinião
Conheça o Patrick Catapano e como nasceu sua paixão pela pizza
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Olá, eu sou Patrick Catapano e vou te contar um pouco sobre a minha história para você poder compreender melhor os meus textos futuros.
Meu mundo
Seja bem-vindo ao meu mundo, espero que se sinta confortável e alegre-se com o que ler.
Eu nasci em Roma em 1982. Em 1983 meus pais voltaram ao Brasil, meu pai Italiano e minha mãe Brasileira. Chegando ao Brasil, meu pai decidiu abrir uma pizzaria e com isso vivemos os primeiros 5 anos de Brasil dentro de uma pizzaria na Vila Maria, zona norte de São Paulo.
Era uma cantina tipicamente italiana, onde a família toda trabalhava, menos eu, pois era muito criança, meu irmão mais velho era o pizzaiolo, o outro irmão barista e minha mãe comandava a cozinha, enquanto meu pai atendia e alegrava os clientes.
Essa pizzaria durou alguns anos, onde eu todos os dias passeava entre as mesas e aprendia a arte de comer bem.
Aos meus quinze anos de idade eu resolvi voltar à Itália para reconhecer e afirmar minhas raízes, a pizzaria de família já não existia mais, pois meu pai havia vendido alguns anos atrás e minha família tomou outro rumo.
A minha ida à Itália foi incentivada por meu irmão do meio que estava lá e me dizia que era muito legal para trabalhar e se divertir, então arrumei as malas e fui.
Chegando lá arrumei vários empregos, mas quando comecei a trabalhar em um restaurante pizzaria percebi que ali era o meu lugar. Comecei como ajudante do pizzaiolo até me aperfeiçoar e me tornar um pizzaiolo preparado, trabalhei por vários anos em diferentes pizzarias e restaurantes, aprendendo, conhecendo e me divertindo, até que em 2010 decidi voltar ao Brasil.
De volta ao Brasil, fui trabalhar em uma pizzaria falida que precisava de uma repaginada e consegui – em dois anos – levá-la ao crescimento e inovação com tudo que havia aprendido em minha estadia na Itália.
Aos poucos as pessoas começaram a me perguntar como fazer uma pizza tão leve, saborosa e digerível, qual era o segredo? E eu todo orgulhoso de minha cultura e saber comecei a compartilhar conhecimento presencialmente e posteriormente online onde pude compartilhar de maneira mais democrática e livre.
Pizza como alimento
Conforme o trabalho veio crescendo, passei a entender que eu deveria trazer uma visão mais clara e descomplicada do que era a magia italiana em cozinhar, aqui no Brasil. Pois, pelo menos na minha adolescência, sempre comemos produtos muito industrializados, seja pela falta de tempo e ou pela correria do dia a dia. Por isso, direcionei meu trabalho a inspirar pessoas através da simplicidade, da conexão com a natureza, com a comunidade, com os agricultores e com a alegria em transformar a matéria-prima em um alimento tão querido por todos nós. Então, criei um movimento chamado a pizza como alimento.
A ideia deste movimento é trazer para perto o sentimento de união, de conexão, pois principalmente os comércios de São Paulo são demasiadamente fastfood, produtos muito industrializados, produzidos com multiprocessados e visando somente lucro e alta rotatividade. No entanto, eu sabia, na prática, que esse tipo de venda, esse tipo de comércio enfrenta problemas no longo prazo, principalmente se você for um pequeno empreendedor, como a maioria dos donos de pizzaria.
Uma outra inquietação que me consome e que está ligada diretamente aos fatos do parágrafo de cima é o fator alimento, pois quando abrimos um comércio, pensamos sobretudo no lucro, mas e a nutrição, a saúde, o bem-estar do cliente? Tudo bem servir uma pizza suculenta, quentinha, crocante e deliciosa, esse é o escopo, mas e depois, na hora da digestão, quando o corpo deve assimilar aquele alimento, como fica?
E é isso que mais me marcou com a minha volta za Itália, esse aprendizado, essa cultura alimentar, abundante, mas muito natural, conectada aos agricultores, aos ciclos naturais, as estações, isso me encantou e me ensinou a respeitar, cuidar e me alegrar com o fluxo da vida e dos alimentos, assim podemos ser muito mais criativos, livres e saudáveis.
Desde a minha volta ao Brasil, meu trabalho foi tomando forma possibilitando-me ensinar e aprender a cada dia para que todos tenham comércios lucrativos, mas, acima de tudo, equilibrados com a alegria do servir.
E como fazer uma boa pizza?
Fazer uma boa pizza é simples, a receita é somente farinha, água, fermento e sal, às vezes leva um azeite, o que vai contar mesmo para um bom resultado é, como disse antes, a qualidade da matéria-prima, ou seja, a qualidade e especificidade da farinha, do fermento, da água e algo importantíssimo, o tempo.
Ao misturarmos farinha, água, fermento e sal damos início a uma complexa e profunda transformação química ocasionada pelas enzimas e leveduras.
O resultado vai variar muito em relação ao tipo de farinha utilizada, se mais integral ou refinada, o tipo de grão, se contém mais ou menos glúten, a quantidade de água, o tipo de levedura, o tempo e a temperatura utilizados no processo.
Quando pensamos em pizza nos lembramos da imagem de filmes, ou de nossas avós e mães na cozinha amassando a massa, cobrindo e deixando dobrar de volume, relativamente fácil, e de base é, se formos utilizar uma receita caseira de forma empírica, sem querer direcionarmos e controlarmos os tempos e os possíveis resultados.
Nos últimos anos os estudos realizados possibilitaram entender mais profundamente o que acontece ao interno da massa e buscar resultados mais exclusivos e excêntricos, com sabor e textura mais complexos e com personalidade.
Visão de mundo
Existem várias possibilidades no mercado, a do grande fluxo que é a mais almejada, ou seja, padronizar e vender muito, para poder replicar em varias operações e aumentar ainda mais o faturamento, esse é o sonho de todo empreendedor Brasileiro. A minha visão de mundo é contrária, não que eu não entenda ou aprove, mas eu sou um romântico, tenho alma de artista, então, a criação em si tem mais valor que o resultado financeiro, dedico-me mais à filosofia, ao conceito e ao impacto que minhas escolhas podem gerar e em segundo plano que ao resultado financeiro, que vem, sempre vem, quando o trabalho é bem-feito, sem olvidar, claro, que a administração e a organização do todo são imprescindíveis para a duração do projeto.
Eu levo muito mais em consideração o respeito aos processos e pessoas, o equilíbrio entre lucro e responsabilidade social e ambiental, o bem-estar humano, a conexão com pessoas, histórias e anseios, ao propósito de vida de cada um de nós, que é existir, expressar, compartilhar e receber amor.
Massa da Pizza
Voltando à massa da pizza, é importante escolher bem os ingredientes, buscar conhecimento e praticar muito, para gradualmente compreender os processos, que são naturais, e não totalmente controláveis, para obter uma pizza única, inesquecível.
Claro que de nada adianta fazer uma massa com toda a dedicação e colocar em cima produtos industrializados, totalmente pasteurizados, sem vida, com aditivos e saborizantes sintéticos e sem conexão com as nossas células.
No ideal da pizza como alimento, a cobertura deve ser real, utilizando somente alimentos de origem vegetal ou animal, preparado com ingredientes e temperos naturais de forma artesanal, com isso melhoramos o aspecto nutricional, equilibramos o sabor, facilitando a digestão e o bem-estar de quem consome.
Voltando à Itália, na minha adolescência quando desembarquei aos 15 anos de idade, eu descobri uma nova maneira de me alimentar, pois aqui no Brasil, por mais que minha mãe e pai cozinhavam bastante, a gente comprava muita coisa como sorvetes, chocolates, pizza e outros que eram extremamente industrializados, então, “queimação e dor de estômago” para mim era a consequência natural de ingerir esses tipos de alimento, no entanto, quando comia esses alimentos na Itália eu tinha uma digestão pacifica, sem dores e acidez eu descobri a liberdade e a alegria de comer sem culpa.
Outra coisa que me impactou bastante é que nos anos que morei na Itália eu retornei ao equilíbrio do meu corpo em termos de peso e funcionamento, mesmo comendo massa, doces, queijos e outros, a diferença é que lá todos estes alimentos são mais artesanais e de origem natural “claro que lá também existem industrializados”, mas o artesanal tem um destaque de respeito.
Cenário no Brasil
Estou muito feliz com a mudança do cenário alimentar Brasileiro, apesar de termos ainda muitos problemas a resolver nessa e em outras questões, melhoramos muito em conhecimento, qualidade e produção de matéria prima e produto final como queijos, farinha de trigo, vinhos, azeites e mais, ainda temos muito a melhorar. Estamos crescendo em consciência e na vontade de sermos melhores, em parte estamos sendo obrigados a olhar para o equilíbrio interno e externo mas também estamos querendo viver melhor e mais em harmonia com o todo.
Enquanto nos dedicamos vamos fazer deliciosas pizzas com criatividade, para podermos prosperar e compartilhar amor em forma de comida.
Quero agradecer a Ramalhos e ao Massa Madre Blog pela oportunidade de compartilhar minha visão de mundo e minha maneira de fazer pizza, muita pizza e alegria a todos vocês e até o próximo texto.
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