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Locavorismo: tendência e consciência

Autor
Eugênia Pickina
19 de abril de 2021

Locavorismo: tendência e consciência

Abstrações são encantadoras, mas sou a favor de que se deva também respirar o ar e comer o pão
[Hermann Hesse]

Comemos. O ideal? Comida fresca, local e variada. 

Tal qual minha avó, minha mãe, em casa tenho o costume de cozinhar. Não levo em consideração somente o aspecto hedonista das refeições, mas opto pelo locavorismo por dois motivos: manter a qualidade alimentar e reforçar um estilo de vida de maior equilíbrio com o meio ambiente.

Sem perder de vista o processo produtivo, seus impactos ambientais, o locavorismo implica dar preferência aos alimentos produzidos  no lugar em que vivemos. Por isso, supõe procurar comprar e comer comida local. Eleger alimentos que são cultivados perto de nossas casas. 

Tendência mundial, intrínseco ao consumo consciente e baseado no respeito à natureza, o locavorismo incentiva o hábito de ir à feira, eleger dietas saudáveis e que ainda dialogam com o elemento cultural do nosso entorno, como as  receitas de família, os pratos regionais…

Quem tem o privilégio de ter acesso ao alimento fresco, e faz a opção pelo locavorismo, entende que o alimento local é mais saudável, mais saboroso, e, ainda, como um cidadão consciente, no dia a dia, desembrulha menos, evita o plástico, escolhendo mais produtos a granel, em vidros…

De maneira cotidiana, é essencial que nossa  atenção se volte para sistemas de produção de alimentos que não poluam as águas, o ar, o solo, os próprios alimentos e que respeitem também a biodiversidade. Faz sentido, por isso, apropriar-se de uma forma de se alimentar mais conectada com a natureza, com o alimento e com quem produz. 

Além de prezar pelo consumo de alimentos provenientes do “local próprio”, os locavores evitam o desperdício, planejando suas compras, conservando em casa os alimentos de modo adequado. Ademais, comprar e cozinhar somente o que consumimos nos ajuda a poupar dinheiro e proteger o meio ambiente.

Locavorismo e Padarias Artesanais

Por procurar usar insumos locais e oferecer produtos artesanais, como pães, bolos, geleias, mel, queijos feitos por produtores da região, as padarias artesanais se difundem cada vez mais no Brasil e agradam os locavores, ou seja, as pessoas que preferem consumir alimentos cultivados localmente.

Esse é um movimento de robusto impacto que tem crescido por conta de um trabalho, a princípio, inconsciente: aquele que trabalha com um produto artesanal naturalmente busca parceiros, produtos, fornecedores de outros produtos artesanais e locais para oferecer aos seus clientes. E, os clientes, acostumando-se à qualidade desses produtos, ficam ainda mais adeptos! O trabalho de comunicar a origem, de enaltecer os valores e as diferenças está no cerne da força que impulsiona o movimento e que, ousaria dizer, acaba por reeducar o paladar dos consumidores. Uma vez habituado a esse produto e sua qualidade, raramente esse consumidor retorna aos “outros produtos”, desprovidos das complexidades de aromas, sabores e, também, do respeito ao local.

E você? É adepto do locavorismo? 

Notinhas

Do latim “locus” (lugar) e “vorare” (engolir), o locavorismo se traduz no hábito de comprar alimentos de produtores ou pequenos comércios locais. Com o cenário da pandemia, essa prática tem ganhado mais adeptos no mundo e vem se difundindo também no Brasil. 

A prática do locavorismo fomenta o avanço social, econômico e  cultural. Diz respeito ao bem-estar da sociedade. Restaurantes – baseados em modelos que beneficiam a agricultura alimentar/hortas urbanas – feiras livres, padarias artesanais são exemplos de empreendimentos baseados no locavorismo. 

Não existe um consenso para definir o que de fato é ser local. Mas, quem se preocupa em valorizar os produtos locais/com respeito à natureza, necessita ter acesso a feiras de pequenos produtores, hortas urbanas, sítios etc.

A ideia de resgatar alimentos locais oriundos da região onde se vive não precisa dificultar ou bloquear o diálogo com outras culturas. O hibridismo cultural, a aceitação das diferenças são pertinentes e caminham junto com os princípios democráticos.

A socióloga Elaine de Azevedo pondera que “em um país com distância continentais e graves problemas ambientais, cuja população sofre os efeitos da precariedade das rodovias e da desqualificação da agricultura familiar que produz alimentos para 80% da população brasileira, a discussão do Locavorismo é pertinente e demanda atenção e estudos futuros”. Cf. Azevedo, Elaine de. “O ativismo alimentar na perspectiva do locavorismo.” Ambiente & Sociedade. [online]. 2015, vol.18, n.3, pp.81-98. ISSN 1809- 4422.


Foto por Cristiano Valadar 

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