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Em defesa da construção do paladar infantil

construção do paladar infantil
Os dois primeiros anos de vida são cruciais para solidificar no cotidiano de um indivíduo adulto bons hábitos alimentares. Gostos, hábitos e aversões alimentares se mesclam a fatores biológicos, culturais, sociais e emocionais. É importante oferecer à criança uma dieta rica e variada, conclamando-a, desde cedo, a participar do processo de escolha.
Autor
Eugênia Pickina
1 de maio de 2018

Em defesa da construção do paladar infantil

Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina. Cora Coralina

 

Os dois primeiros anos de vida são cruciais para solidificar no cotidiano de um indivíduo adulto bons hábitos alimentares.

Gostos, hábitos e aversões alimentares se mesclam a fatores biológicos, culturais, sociais e emocionais. É importante oferecer à criança uma dieta rica e variada, conclamando-a, desde cedo, a participar do processo de escolha. Porque as preferências alimentares que adquirimos na infância e mantemos na vida adulta são, em boa parte, um reflexo das escolhas dos nossos pais.

Qual é a ideia principal então? Treinar o paladar infantil, ensinando a criança a experimentar novos sabores, texturas e alimentos de cores distintas, sem olvidar os produtos artesanais, e sem nunca fazer chantagens ou, por exemplo, esconder determinado ingrediente dentro da preparação – porque temos o legítimo direito de saber o que estamos comendo.

Mas não há fórmula mágica para a criança experimentar e gostar de novos alimentos. O aprendizado da boa alimentação depende dos atributos da insistência e criatividade por parte dos pais. Pois está comprovada cientificamente, segundo apontam estudos relacionados à educação nutricional, a relação entre a frequência de exposição e a preferência pelo alimento, ou seja, são necessárias de dez a quinze exposições a novos alimentos para que ocorra um aumento da aceitação por parte da criança. Além disso, não definir o alimento como uma espécie de “remédio” colabora com o desenvolvimento do repertório gustativo.

Infelizmente, muitos pais no impulso de “educar” a criança enveredam pelo caminho do autoritarismo ou da inércia. O péssimo hábito de coagir a criança, ameaçá-la ou mesmo substituir a comida apresentada por outra inadequada são atitudes que, na verdade, deseducam o paladar dos filhos.

Até os 3-4 anos de idade, por exemplo, a criança interioriza ideias da sua própria cultura e, por isso, os anos iniciais do ser humano são fundamentais também para solidificar bons hábitos alimentares, que são culturalmente apreendidos/aprendidos – esse é o momento, por exemplo, de apresentar à criança os pães artesanais, o alimento preparado de modo natural e com respeito também à sazonalidade.

Pais que não se deixam abater pela preguiça (ou cansaço) expõem a criança a diferentes gostos, às vezes explorando modos distintos de cozinhar que alteram o sabor dos alimentos, ajudando-a a apurar o paladar e crescer sensível a noções de prazer, satisfação e variedade que pode oferecer a alimentação.


Notinhas

O repertório do ser humano em matéria de sabor abarca as seguintes sensações — doce, salgado, azedo, amargo, umami. Crianças têm preferência natural por doce, pois já nascemos com atração pelo sabor doce. A associação com o leite materno reforça essa atração indisfarçável; a tolerância ao sabor amargo varia com a idade, sendo menor nas idades extremas – infância e velhice; a preferência pelo sabor salgado aparece por volta dos quatro meses de vida; a palavra “umami” é usada para descrever o sabor da carne e dos salgados, e vem de um termo japonês que significa “bom gosto” ou “delicioso” (mas o umami se parece com o quê? É o gosto que sentimos ao comer o queijo parmesão e o Ajinomoto).

Os seres humanos se caracterizam por duas etapas na eleição de alimentos: neofobia alimentar (medo a provar novos sabores); e neofilia alimentar (tendência a buscar novos sabores). Estudos de psicologia social afirmam que as pessoas com uma tendência à neofilia alimentar apresentam características relacionadas à resiliência e à adaptabilidade.

O repertório gustativo de uma criança se ajusta aos limites que os pais definam em relação ao comestível e não comestível. E a influência da mãe ou do pai para que a criança adote um novo alimento é a mesma, e onde há diferença é na família onde a criança conte com a presença de irmãos mais velhos, porque o menor tende a imitar o mais velho.

 

 

 

Sobre o autor:
Eugênia Pickina
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