Entrevista
A padaria artesanal que se transformou na alma da família
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A agora empresária e padeira Gabriela largou tudo para se dedicar à Padoca da Alma
Era uma manhã de sexta-feira.
A porta amarela, ao lado de um pé de bananeira, ainda estava fechada. Mas do lado de fora já dava para sentir aquele perfume tradicional de pão quentinho saindo do forno.
7h30 da manhã. A empresária e padeira, Gabriela chegou ao nosso encontro para contar a sua história no ramo da panificação. Um novo negócio, em um ambiente exclusivo, que faz parte da sua vida há pelo menos 8 anos, uma padaria artesanal localizada em uma das principais avenidas de Americana, interior de São Paulo.
Com produtos artesanais, à base de fermentação natural, a jovem de 34 anos, juntamente com o marido Felipe Pecchio, do administrativo, e Rogéria Pecchio, responsável pela confeitaria, decidiu abrir um negócio exclusivo na cidade.
E assim surgiu, a Padoca da Alma, que começou a sua história ainda nos fundos da casa de uma das sócias com uma pequena produção de barrinhas de cereal e pães.
Para quem deseja saber mais sobre padarias artesanais e quais desafios terá pela frente, vale a pena conferir a entrevista com a Gabriela, que conta como este negócio se transformou na alma da família.
Como começou essa trajetória?
Eu trabalhava na prefeitura e precisava de uma renda extra. E assim a Rogéria, que é minha sogra, deu ideia para produzir pães artesanais feitos com fermentação natural, diferentes, não tinha na cidade. Ela já fazia na casa dela e acabou me ensinando as primeiras receitas e acabei fazendo, achei interessante. Não tinha experiência nenhuma. Fiz um pão aqui e um ali. E vi um potencial nesse negócio. Fiz um pão, dois e comecei a estudar e gostar. Foram pelo menos dois anos para deixar a ideia clara, as pessoas diziam que eu não deveria largar a carreira de concursada pública para fazer pão! Meu marido começou a trabalhar comigo, subimos outro degrau e aos poucos, fomos contratando. Um trabalho que começou pequeno e hoje, 8 anos depois, conta com 24 pessoas.
Por que a decisão de abrir a padaria?
Quando tudo começou, a padaria era no fundo da minha casa. As pessoas diziam que eu precisava abrir a porta dessa padaria. Era muito difícil, os clientes tinham horário para ir lá. E assim decidimos montar um plano de negócio, e encontrar um lugar. No total, foi pelo menos 1 ano de estudo.
Quais foram as principais dificuldades?
É muita dificuldade, sem desanimar ninguém (risos)…a gente tem que correr atrás daquilo que a gente acredita e sonha. Tudo depende 100% da gente. No começo, a maior dificuldade era mostrar para o cliente o que era um pão artesanal feito com fermentação natural, isso foi um trabalho de formiguinha. Nas feiras, a garganta minha e do Felipe ficava doendo de tanto explicar o que é. Por outro lado, existe a dificuldade também de tentar passar para as pessoas que vem trabalhar com a gente, o que a gente está produzindo. Eu sempre falo que não vendemos um produto aqui na padaria, mas sim uma experiência.
Nossa produção triplicou: se fazíamos 50 pães, hoje produzimos 300, 400 pães….sofremos com isso, aprendemos com o tempo. Na confeitaria são de 10 a 15 produtos oferecidos por dia entre cookies, bolos, tortas e outros. Hoje caminha muito melhor, mas sempre respeitando todos os processos que nos fizeram chegar até aqui. Os clientes e os nossos colaboradores já entenderam como funciona.
Quais os desafios?
O primeiro desafio sempre foi o pessoal, dar o primeiro passo, largar tudo e se jogar.
Outro grande desafio, é a gestão de pessoas. Encontrar mão de obra e envolver essas pessoas dentro da proposta que a gente trabalha, algo com tanta personalidade e com a experiência que queremos proporcionar aos clientes.
Hoje, estar em 24 pessoas é um grande desafio no que diz respeito à gestão das informações e sugestões que recebemos via feedback.
Estar em contato com os nossos clientes para saber o que eles realmente querem. Entender que é você que comanda seu negócio, mesmo com outras pessoas fazendo as suas funções. E hoje nosso maior desafio é atender todo mundo como a gente gostaria de atender. Não tínhamos a noção do boom que seria.
Temos alguns problemas com filas aos finais de semana, quando o movimento é intenso. Manter a experiência com grande volume de pessoas nos fez optar por dobrar o nosso time com freelancers aos sábados e domingos. Desta forma, mesmo com o tamanho da fila, grande parte dos clientes entendem este processo e sabem que terão uma boa experiência.
Como é feita a divulgação? Tem influência no dia a dia?
Rede social. A gente consegue trazer o que vivemos para as pessoas que não tem a oportunidade de estar aqui todos os dias, por exemplo, clientes de outras cidades. A proximidade com os clientes é grande, tanto que eles chamam nossos colaboradores pelo nome. E a rede social é a ferramenta para trazer o cliente para o nosso mundo. Utilizamos mais Instagram e Facebook, além do Google Ads e do Whatsapp como ferramenta de vendas e também para explicar o que vai acontecer, diariamente.
Hoje, os pães mais vendidos são o Azeite e o Brioche, e temos eles todos os dias em nossas fornadas.
É um estilo de negócio que vem se crescendo no país?
Sim. Devido à uma qualidade melhor. A galera quando começa a comer algo com mais sabor e um processo diferente não consegue voltar no tempo. É uma comida que tem um propósito. Jamais servimos algo que não comeríamos. Esse modelo de negócio tem crescido e as pessoas hoje já sabem o que é este tipo de padaria, não é moda, veio para ficar.
Os cookies foram importantes na vida de vocês?
Começamos com a produção das barras de cereal, chegamos a desenvolver uma receita de barrinhas com a Unicamp – Universidade Estadual de Campinas – e nesse meio tempo a produção de pães. Sentíamos a falta de ter algo doce, e assim, entra a Rogéria que começou a fazer os cookies, e assim surgiu toda a parte de confeitaria. Na época, eu acredito que só a gente fazia cookies em Americana. A produção era pequena, 500 cookies/mês e hoje por semana produzimos mais de mil cookies. É muito cookie. (risos)
Pedidos on-line? Delivery?
Temos a opção de realizar pedidos pelo site e pelo Whatsapp. As pessoas que pedem pelo site, percebemos que são clientes que não estão próximos do negócio. Já pelo Whatsapp, o cliente já nos conhece, conhece o nosso processo e prefere realizar o pedido por ali.
Entregamos nossos produtos todos os dias, mas diminuiu bastante após a pandemia, porque os clientes gostam de vir aqui para consumir os pães.
Quando chegou a oportunidade para ter um forno Ramalhos?
Ele transformou meu produto. Veio no momento certo a oportunidade de ter esse forno. Melhor investimento da minha vida. Aparência e finalização. Ele enaltece todos os processos para ter o melhor pão. Você consegue ver perfeitamente o que você acertou ou errou na sua produção.
Hoje assamos 40 pães de uma vez, antes apenas 12.
Você chegar no momento de ter um forno desse é uma grande conquista. É uma experiência poder assar seu produto em um forno de qualidade. Antes eu não conseguia fazer baguete, hoje eu consigo, e aumentei meus produtos, consequentemente mais rendimento tudo porque tenho esse forno da Ramalhos.
Tudo aqui na Padaria, desde a produção em casa, demorou três meses para chegar no limite, e assim decidimos comprar dois módulos do forno. (risos)
Na pandemia, fizemos um investimento de um forno que dobrasse a nossa produção e conseguimos melhorar ainda mais a nossa confeitaria. A tecnologia do forno Ramalhos nos proporcionou um produto com mais qualidade e uniformidade.
Desde o dia em que comecei a fazer os cursos e tive o contato e ouvi falar do forno Ramalhos, percebi que tinha que ter um, ficava me perguntando e contando os minutos para isso.
Qual sua inspiração?
O Brasil! A gente se inspira e admira o que tem no Brasil, as experiências culturais… Tanto que viajamos 2 vezes no ano para lugares diferentes dentro do nosso país, para lugares com personalidade, e trazemos experiências, buscando mais inspirações!
Uma padaria que me chama bastante atenção é a Slow Bakery do Rio de Janeiro. Eu acho sensacional. Tem tanta coisa boa no Brasil, e esta padaria traz um pouco do carioca e um pouco da nossa gente. É uma padaria artesanal brasileira mesmo. Já não sei quantas vezes fui lá, é muita inspiração.
O que está planejado para o futuro?
Ampliamos uma parte da padaria, e ainda temos algumas coisas para ajustar que proporcionem uma funcionalidade mais eficiente do trabalho, para melhorar ainda mais a experiência do cliente.
Mas.. a gente não para, gostamos de novidades! Portanto, se vier alguma novidade, não se assustem! (risos)
Para fechar nossa entrevista, qual a dica para quem deseja abrir um negócio como este?
A dica final é virar a chave e se jogar. Tudo depende 100% do que você acredita. Tudo dá certo desde que você se dedique. Eu pedi a conta da prefeitura, e qualquer coisa que acontecer na minha vida eu vou me jogar.
receita pronta?
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